O que é o "Objetivismo Abstrato" para Bakhtin?
Que título fantástico, não é mesmo? A gente já imagina uma coisa meio fora da curva. Mas, atenção: é aqui que a gente precisa desfazer um mal-entendido comum. O termo "Objetivismo Abstrato" não foi criado por Bakhtin como uma teoria sua, mas sim como uma crítica a uma forma de pensar a linguagem que ele considerava incompleta.
Para Mikhail Bakhtin, pensador russo incrível e figura central nos estudos da linguagem e da literatura, o Objetivismo Abstrato é uma visão de mundo, principalmente da linguística e da filosofia da linguagem, que ele critica duramente.
Ele descreve essa perspectiva como aquela que enxerga a língua como um sistema de regras estáveis, imutáveis e abstratas. Ou seja, a língua seria um conjunto de normas gramaticais, fonológicas e sintáticas que existem por si só, pairando acima da vida social e dos falantes. É como se a língua fosse uma espécie de "código" pronto, que os indivíduos apenas usam para se comunicar, mas sem poder realmente transformá-la.
O Objetivismo Abstrato, nessa visão, ignora totalmente o papel do sujeito e do contexto. Ele se concentra no sistema (na "língua", ou langue, na terminologia de Saussure) e não nos atos concretos de fala (a "fala", ou parole).
O Campo de Estudo e os Críticos de Bakhtin
O campo de estudo de Bakhtin, e onde ele faz essa crítica, é a filosofia da linguagem e a linguística. Em sua obra "Marxismo e Filosofia da Linguagem", que ele publicou sob o nome de seu colega Voloshinov, ele debate com as duas principais correntes de pensamento da época:
O Subjetivismo Idealista: que ele critica por ver a língua como um ato puramente individual e criativo, ignorando o seu caráter social.
O Objetivismo Abstrato: que ele ataca por focar apenas nas regras e na estrutura da língua, desconsiderando que a linguagem é um fenômeno vivo e social.
A Crítica de Bakhtin na Prática: Literatura, Linguística e Mais
Bakhtin não só critica, mas propõe uma alternativa: sua própria visão, que ele chama de teoria dialógica da linguagem.
Na Linguística: A crítica de Bakhtin ao objetivismo abstrato é a base de sua própria teoria. Ele argumenta que a língua só existe no diálogo, na interação social. Para ele, a palavra não é neutra; ela está sempre "povoada" pelas intenções de quem fala, pela história, pela ideologia. O que importa não é apenas o que a palavra significa no dicionário, mas como ela é usada em um contexto social específico. A linguagem, para Bakhtin, é um campo de batalha, onde diferentes vozes e ideologias se encontram e lutam.
Na Literatura: A crítica de Bakhtin tem um impacto enorme. Ele desenvolve a ideia de dialogismo, que é a noção de que qualquer texto, seja ele um romance, um poema ou um jornal, é sempre um diálogo com outros textos, com outras vozes e com o contexto histórico. A polifonia, um conceito central em sua obra sobre Dostoievski, mostra como os romances não têm uma única voz dominante, mas várias vozes e consciências que interagem e se confrontam. Isso é o oposto do objetivismo abstrato, que veria o texto apenas como um objeto fechado, com uma estrutura a ser analisada.
História, Precursores e Aplicação Hoje em Dia
A crítica de Bakhtin ao objetivismo abstrato se dirige principalmente ao Estruturalismo, corrente linguística que tem como grande precursor Ferdinand de Saussure. Embora o Estruturalismo seja uma teoria importante, Bakhtin a via como uma forma de "emparedar" a língua, de isolá-la de sua realidade viva e social.
Hoje, a visão de Bakhtin é a que, em grande parte, prevalece nos estudos da linguagem e da cultura. Sua teoria influenciou profundamente campos como:
Análise do Discurso: que estuda como a linguagem constrói e reflete as relações de poder e as ideologias na sociedade.
Teoria da Literatura: que usa o conceito de dialogismo para analisar a complexidade e a riqueza de textos literários, reconhecendo a presença de múltiplas vozes.
Filosofia da Linguagem: que se afastou da visão puramente estrutural para focar no uso da linguagem na prática, nos atos de fala e na interação.
Para Mikhail Bakhtin, pensador russo incrível e figura central nos estudos da linguagem e da literatura, o Objetivismo Abstrato é uma visão de mundo, principalmente da linguística e da filosofia da linguagem, que ele critica duramente.
Ele descreve essa perspectiva como aquela que enxerga a língua como um sistema de regras estáveis, imutáveis e abstratas. Ou seja, a língua seria um conjunto de normas gramaticais, fonológicas e sintáticas que existem por si só, pairando acima da vida social e dos falantes. É como se a língua fosse uma espécie de "código" pronto, que os indivíduos apenas usam para se comunicar, mas sem poder realmente transformá-la.
O Objetivismo Abstrato, nessa visão, ignora totalmente o papel do sujeito e do contexto. Ele se concentra no sistema (na "língua", ou langue, na terminologia de Saussure) e não nos atos concretos de fala (a "fala", ou parole).
O Campo de Estudo e os Críticos de Bakhtin
O campo de estudo de Bakhtin, e onde ele faz essa crítica, é a filosofia da linguagem e a linguística. Em sua obra "Marxismo e Filosofia da Linguagem", que ele publicou sob o nome de seu colega Voloshinov, ele debate com as duas principais correntes de pensamento da época:
O Subjetivismo Idealista: que ele critica por ver a língua como um ato puramente individual e criativo, ignorando o seu caráter social.
O Objetivismo Abstrato: que ele ataca por focar apenas nas regras e na estrutura da língua, desconsiderando que a linguagem é um fenômeno vivo e social.
A Crítica de Bakhtin na Prática: Literatura, Linguística e Mais
Bakhtin não só critica, mas propõe uma alternativa: sua própria visão, que ele chama de teoria dialógica da linguagem.
Na Linguística: A crítica de Bakhtin ao objetivismo abstrato é a base de sua própria teoria. Ele argumenta que a língua só existe no diálogo, na interação social. Para ele, a palavra não é neutra; ela está sempre "povoada" pelas intenções de quem fala, pela história, pela ideologia. O que importa não é apenas o que a palavra significa no dicionário, mas como ela é usada em um contexto social específico. A linguagem, para Bakhtin, é um campo de batalha, onde diferentes vozes e ideologias se encontram e lutam.
Na Literatura: A crítica de Bakhtin tem um impacto enorme. Ele desenvolve a ideia de dialogismo, que é a noção de que qualquer texto, seja ele um romance, um poema ou um jornal, é sempre um diálogo com outros textos, com outras vozes e com o contexto histórico. A polifonia, um conceito central em sua obra sobre Dostoievski, mostra como os romances não têm uma única voz dominante, mas várias vozes e consciências que interagem e se confrontam. Isso é o oposto do objetivismo abstrato, que veria o texto apenas como um objeto fechado, com uma estrutura a ser analisada.
História, Precursores e Aplicação Hoje em Dia
A crítica de Bakhtin ao objetivismo abstrato se dirige principalmente ao Estruturalismo, corrente linguística que tem como grande precursor Ferdinand de Saussure. Embora o Estruturalismo seja uma teoria importante, Bakhtin a via como uma forma de "emparedar" a língua, de isolá-la de sua realidade viva e social.
Hoje, a visão de Bakhtin é a que, em grande parte, prevalece nos estudos da linguagem e da cultura. Sua teoria influenciou profundamente campos como:
Análise do Discurso: que estuda como a linguagem constrói e reflete as relações de poder e as ideologias na sociedade.
Teoria da Literatura: que usa o conceito de dialogismo para analisar a complexidade e a riqueza de textos literários, reconhecendo a presença de múltiplas vozes.
Filosofia da Linguagem: que se afastou da visão puramente estrutural para focar no uso da linguagem na prática, nos atos de fala e na interação.
Bakhtin nos ensinou que a língua não é uma entidade morta e abstrata, mas um fenômeno social, vivo e dinâmico. É um convite para olhar para a língua não como um conjunto de regras, mas como um oceano de vozes, onde cada palavra é um eco de outras palavras e onde a comunicação é, no fundo, um encontro.
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