O Novo Historicismo: Lendo a Literatura e a História de Mãos Dadas
O Novo Historicismo é uma abordagem crítica que surgiu na década de 1980 e revolucionou a maneira como os estudiosos da literatura e da história interagem. Em sua essência, ele rejeita a ideia de que um texto literário é um objeto autônomo, separado de seu tempo, e, em vez disso, propõe que a literatura e o contexto histórico são inseparáveis e se influenciam mutuamente de forma complexa.
O Que É o Novo Historicismo?
O Novo Historicismo é uma reação a abordagens anteriores, como a Nova Crítica, que se concentravam exclusivamente no texto. Ele argumenta que não podemos entender uma obra literária sem entender a cultura da qual ela emergiu. No entanto, ele também vai além do historicismo tradicional, que via a história como um pano de fundo fixo e neutro. O Novo Historicismo defende que:
O Texto e o Contexto são Inseparáveis: A literatura não apenas reflete a história, mas também a produz. Um romance pode influenciar as ideias de uma época, enquanto as ideias de uma época influenciam o romance. A relação é circular.
A História é Fragmentada e Não-Linear: O Novo Historicismo rejeita a ideia de uma "história grande e única". Em vez disso, ele se interessa por vozes marginais, documentos esquecidos, anedotas e fragmentos culturais que muitas vezes são ignorados pela história oficial. Histórias de vida, cartas, diários, documentos legais etc.) são tão importantes quanto os grandes eventos políticos.
O Poder Está Em Todos os Lugares: Influenciado pelo trabalho de Michel Foucault, o Novo Historicismo vê o poder não apenas como algo que vem de cima (do rei ou do governo), mas como algo que permeia todas as esferas da cultura. A literatura, portanto, é um campo de batalha onde diferentes ideologias e discursos competem.
A Origem e o Desenvolvimento Histórico
O Novo Historicismo surgiu na década de 1980, principalmente nos Estados Unidos, em um período de intensa crítica às abordagens formais da literatura. Embora não haja uma única pessoa que tenha "cunhado" o termo, ele está intimamente ligado ao nome de Stephen Greenblatt. Em seu livro "Shakespearean Negotiations: The Circulation of Social Energy in Renaissance England" (1988), Greenblatt foi pioneiro na aplicação da abordagem. Ele analisou as peças de Shakespeare em diálogo com uma variedade de textos culturais de seu tempo, como documentos de censura, relatórios de expedições e tratados médicos. Ele via a literatura como parte de uma "circulação de energia social".
Outros nomes importantes associados ao movimento incluem Catherine Gallagher, que colaborou com Greenblatt em trabalhos seminais, e o crítico Louis Montrose, que usou o termo "materialismo cultural" para descrever uma abordagem semelhante no Reino Unido. Enquanto o materialismo cultural de Montrose tem uma ênfase mais marxista, o Novo Historicismo de Greenblatt é mais focado nas relações de poder de Foucault e em uma abordagem mais "poética" da história.
O Legado e a Prática na Academia Hoje
O Novo Historicismo teve um impacto profundo e duradouro. Embora o "movimento" em si tenha atingido seu auge nos anos 80 e 90, sua abordagem se tornou tão onipresente que hoje em dia é a base para a maioria das pesquisas em literatura. Os conceitos e métodos do Novo Historicismo são fundamentais e têm um forte fundamento na academia. A prática se desenvolveu de várias formas:
Estudos Culturais: A abordagem de Greenblatt de ler a literatura em diálogo com todos os tipos de textos culturais foi crucial para o desenvolvimento dos Estudos Culturais, que não fazem distinção entre "alta cultura" (literatura) e "baixa cultura" (televisão, publicidade, etc.).
Crítica Pós-Colonial e Feminismo: Essas abordagens usam as ferramentas do Novo Historicismo para analisar como as narrativas literárias e os documentos históricos foram usados para justificar o colonialismo e o patriarcado. Elas buscam desenterrar as vozes dos oprimidos que foram silenciadas pela história oficial.
Pesquisa Acadêmica: É raro encontrar uma tese ou um artigo acadêmico hoje em dia que não faça pelo menos alguma menção ao contexto histórico e social de uma obra. O Novo Historicismo nos ensinou que a análise textual é sempre mais rica quando combinada com uma compreensão do mundo em que o texto foi produzido.
Em resumo, o Novo Historicismo nos libertou da visão de que a literatura vive em um vácuo. Ele nos ensinou que as obras literárias são objetos culturais que estão em constante diálogo com a sociedade que as produz, e que, para entender completamente uma história, precisamos desenterrar os múltiplos fragmentos que a compõem.
O Que É o Novo Historicismo?
O Novo Historicismo é uma reação a abordagens anteriores, como a Nova Crítica, que se concentravam exclusivamente no texto. Ele argumenta que não podemos entender uma obra literária sem entender a cultura da qual ela emergiu. No entanto, ele também vai além do historicismo tradicional, que via a história como um pano de fundo fixo e neutro. O Novo Historicismo defende que:
O Texto e o Contexto são Inseparáveis: A literatura não apenas reflete a história, mas também a produz. Um romance pode influenciar as ideias de uma época, enquanto as ideias de uma época influenciam o romance. A relação é circular.
A História é Fragmentada e Não-Linear: O Novo Historicismo rejeita a ideia de uma "história grande e única". Em vez disso, ele se interessa por vozes marginais, documentos esquecidos, anedotas e fragmentos culturais que muitas vezes são ignorados pela história oficial. Histórias de vida, cartas, diários, documentos legais etc.) são tão importantes quanto os grandes eventos políticos.
O Poder Está Em Todos os Lugares: Influenciado pelo trabalho de Michel Foucault, o Novo Historicismo vê o poder não apenas como algo que vem de cima (do rei ou do governo), mas como algo que permeia todas as esferas da cultura. A literatura, portanto, é um campo de batalha onde diferentes ideologias e discursos competem.
A Origem e o Desenvolvimento Histórico
O Novo Historicismo surgiu na década de 1980, principalmente nos Estados Unidos, em um período de intensa crítica às abordagens formais da literatura. Embora não haja uma única pessoa que tenha "cunhado" o termo, ele está intimamente ligado ao nome de Stephen Greenblatt. Em seu livro "Shakespearean Negotiations: The Circulation of Social Energy in Renaissance England" (1988), Greenblatt foi pioneiro na aplicação da abordagem. Ele analisou as peças de Shakespeare em diálogo com uma variedade de textos culturais de seu tempo, como documentos de censura, relatórios de expedições e tratados médicos. Ele via a literatura como parte de uma "circulação de energia social".
Outros nomes importantes associados ao movimento incluem Catherine Gallagher, que colaborou com Greenblatt em trabalhos seminais, e o crítico Louis Montrose, que usou o termo "materialismo cultural" para descrever uma abordagem semelhante no Reino Unido. Enquanto o materialismo cultural de Montrose tem uma ênfase mais marxista, o Novo Historicismo de Greenblatt é mais focado nas relações de poder de Foucault e em uma abordagem mais "poética" da história.
O Legado e a Prática na Academia Hoje
O Novo Historicismo teve um impacto profundo e duradouro. Embora o "movimento" em si tenha atingido seu auge nos anos 80 e 90, sua abordagem se tornou tão onipresente que hoje em dia é a base para a maioria das pesquisas em literatura. Os conceitos e métodos do Novo Historicismo são fundamentais e têm um forte fundamento na academia. A prática se desenvolveu de várias formas:
Estudos Culturais: A abordagem de Greenblatt de ler a literatura em diálogo com todos os tipos de textos culturais foi crucial para o desenvolvimento dos Estudos Culturais, que não fazem distinção entre "alta cultura" (literatura) e "baixa cultura" (televisão, publicidade, etc.).
Crítica Pós-Colonial e Feminismo: Essas abordagens usam as ferramentas do Novo Historicismo para analisar como as narrativas literárias e os documentos históricos foram usados para justificar o colonialismo e o patriarcado. Elas buscam desenterrar as vozes dos oprimidos que foram silenciadas pela história oficial.
Pesquisa Acadêmica: É raro encontrar uma tese ou um artigo acadêmico hoje em dia que não faça pelo menos alguma menção ao contexto histórico e social de uma obra. O Novo Historicismo nos ensinou que a análise textual é sempre mais rica quando combinada com uma compreensão do mundo em que o texto foi produzido.
Em resumo, o Novo Historicismo nos libertou da visão de que a literatura vive em um vácuo. Ele nos ensinou que as obras literárias são objetos culturais que estão em constante diálogo com a sociedade que as produz, e que, para entender completamente uma história, precisamos desenterrar os múltiplos fragmentos que a compõem.
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