Narratologia: Decifrando os Códigos das Histórias
A Narratologia é a teoria e o estudo da narrativa e da estrutura narrativa. É um campo que busca responder a uma pergunta simples, mas profunda: como as histórias funcionam? Longe de ser apenas uma análise de enredo, a narratologia se debruça sobre os elementos que compõem uma narrativa, desvendando seus mecanismos e revelando como eles moldam nossa experiência como leitores.
O Que É Narratologia?
A narratologia estuda a "gramática" da narrativa, ou seja, as regras e os componentes que tornam uma história possível. Ela se concentra no que é dito e em como é dito. Em vez de focar no conteúdo específico (o que acontece na história), ela se interessa pelas estruturas que o organizam. Seus principais conceitos incluem:
Fábula vs. Enredo: A fábula é a sequência cronológica dos eventos da história, na ordem em que eles realmente aconteceram. O enredo é a forma como esses eventos são apresentados na narrativa, que pode ser não-linear, com flashbacks, saltos temporais etc.
Voz Narrativa: Quem está contando a história? O narrador pode ser um personagem da história (narrador em primeira pessoa), ou alguém de fora dela (narrador em terceira pessoa). A narratologia analisa a voz, a credibilidade e a perspectiva do narrador.
Focalização: Quem está "vendo" a história? A focalização se refere ao ponto de vista a partir do qual os eventos são percebidos. O que o narrador sabe e o que ele nos revela? A focalização pode ser interna (limitada ao que um personagem sabe) ou externa (limitada ao que o narrador vê).
O objetivo da narratologia é criar uma teoria universal da narrativa, aplicável a todos os tipos de histórias, de romances a filmes, passando por quadrinhos e até mesmo conversas cotidianas.
A Origem e o Desenvolvimento Histórico
A narratologia, como um campo de estudo formal, é um produto do Estruturalismo do século XX. O seu principal precursor é o linguista russo Vladímir Propp (1895-1970). Em seu livro "Morfologia do Conto Maravilhoso" (1928), Propp analisou mais de 100 contos de fadas russos. Ele percebeu que, apesar das diferenças de enredo, todos seguiam uma sequência de 31 "funções" ou ações que se repetiam. Por exemplo, a partida do herói, o teste do herói, a derrota do vilão etc. O trabalho de Propp mostrou que o estudo da narrativa poderia ser sistematizado e que as histórias tinham uma lógica interna.
A ideia de Propp foi fundamental para o desenvolvimento da narratologia. O termo foi cunhado pelo crítico literário francês Tzvetan Todorov em seu livro "Gramática do Decameron" (1969), um estudo das histórias de Boccaccio. A partir daí, o campo se consolidou com a ajuda de outros intelectuais:
Gérard Genette: O teórico francês mais importante da narratologia. Em sua obra "Figuras III" (1972), ele desenvolveu os conceitos de tempo, voz e modo na narrativa. Sua terminologia, como as distinções entre fábula, enredo, focalização e voz narrativa, se tornou a base da narratologia moderna.
Algirdas Julien Greimas: Semiólogo lituano que aplicou as ideias de Saussure para criar uma "gramática" das narrativas, com base em oposições e sistemas de sentido.
O auge da narratologia foi nos anos 1960 e 1970, quando o Estruturalismo dominava as humanidades. No entanto, com o surgimento do Pós-Estruturalismo, a narratologia foi criticada por sua abordagem rígida e por negligenciar o contexto histórico e ideológico dos textos.
O Legado e a Prática na Academia Hoje
Apesar das críticas, a narratologia não desapareceu. Pelo contrário, ela se tornou uma ferramenta de análise fundamental e amplamente aceita na academia. Hoje, ela existe e é desenvolvida de duas formas:
Narratologia Clássica: A análise de textos literários usando os conceitos de Genette, Propp e outros. É uma base essencial para os estudos de literatura em universidades de todo o mundo. O conhecimento dos termos da narratologia permite que os estudantes e professores discutam e analisem narrativas com um vocabulário preciso e rigoroso.
Narratologia Cognitiva e Interdisciplinar: Esta é uma área de pesquisa mais recente que combina a narratologia com outras disciplinas. Por exemplo, a narratologia cognitiva estuda como o cérebro processa histórias. A narratologia se expandiu para além da literatura, sendo usada para analisar narrativas em filmes, videogames, documentários, história oral e até mesmo em conversas do dia a dia.
A narratologia, portanto, permanece um campo vivo e em constante evolução. Ela nos forneceu o vocabulário para falar sobre como as histórias são contadas e nos ensinou que, por trás de toda grande narrativa, há uma estrutura complexa e fascinante esperando para ser desvendada.
O Que É Narratologia?
A narratologia estuda a "gramática" da narrativa, ou seja, as regras e os componentes que tornam uma história possível. Ela se concentra no que é dito e em como é dito. Em vez de focar no conteúdo específico (o que acontece na história), ela se interessa pelas estruturas que o organizam. Seus principais conceitos incluem:
Fábula vs. Enredo: A fábula é a sequência cronológica dos eventos da história, na ordem em que eles realmente aconteceram. O enredo é a forma como esses eventos são apresentados na narrativa, que pode ser não-linear, com flashbacks, saltos temporais etc.
Voz Narrativa: Quem está contando a história? O narrador pode ser um personagem da história (narrador em primeira pessoa), ou alguém de fora dela (narrador em terceira pessoa). A narratologia analisa a voz, a credibilidade e a perspectiva do narrador.
Focalização: Quem está "vendo" a história? A focalização se refere ao ponto de vista a partir do qual os eventos são percebidos. O que o narrador sabe e o que ele nos revela? A focalização pode ser interna (limitada ao que um personagem sabe) ou externa (limitada ao que o narrador vê).
O objetivo da narratologia é criar uma teoria universal da narrativa, aplicável a todos os tipos de histórias, de romances a filmes, passando por quadrinhos e até mesmo conversas cotidianas.
A Origem e o Desenvolvimento Histórico
A narratologia, como um campo de estudo formal, é um produto do Estruturalismo do século XX. O seu principal precursor é o linguista russo Vladímir Propp (1895-1970). Em seu livro "Morfologia do Conto Maravilhoso" (1928), Propp analisou mais de 100 contos de fadas russos. Ele percebeu que, apesar das diferenças de enredo, todos seguiam uma sequência de 31 "funções" ou ações que se repetiam. Por exemplo, a partida do herói, o teste do herói, a derrota do vilão etc. O trabalho de Propp mostrou que o estudo da narrativa poderia ser sistematizado e que as histórias tinham uma lógica interna.
A ideia de Propp foi fundamental para o desenvolvimento da narratologia. O termo foi cunhado pelo crítico literário francês Tzvetan Todorov em seu livro "Gramática do Decameron" (1969), um estudo das histórias de Boccaccio. A partir daí, o campo se consolidou com a ajuda de outros intelectuais:
Gérard Genette: O teórico francês mais importante da narratologia. Em sua obra "Figuras III" (1972), ele desenvolveu os conceitos de tempo, voz e modo na narrativa. Sua terminologia, como as distinções entre fábula, enredo, focalização e voz narrativa, se tornou a base da narratologia moderna.
Algirdas Julien Greimas: Semiólogo lituano que aplicou as ideias de Saussure para criar uma "gramática" das narrativas, com base em oposições e sistemas de sentido.
O auge da narratologia foi nos anos 1960 e 1970, quando o Estruturalismo dominava as humanidades. No entanto, com o surgimento do Pós-Estruturalismo, a narratologia foi criticada por sua abordagem rígida e por negligenciar o contexto histórico e ideológico dos textos.
O Legado e a Prática na Academia Hoje
Apesar das críticas, a narratologia não desapareceu. Pelo contrário, ela se tornou uma ferramenta de análise fundamental e amplamente aceita na academia. Hoje, ela existe e é desenvolvida de duas formas:
Narratologia Clássica: A análise de textos literários usando os conceitos de Genette, Propp e outros. É uma base essencial para os estudos de literatura em universidades de todo o mundo. O conhecimento dos termos da narratologia permite que os estudantes e professores discutam e analisem narrativas com um vocabulário preciso e rigoroso.
Narratologia Cognitiva e Interdisciplinar: Esta é uma área de pesquisa mais recente que combina a narratologia com outras disciplinas. Por exemplo, a narratologia cognitiva estuda como o cérebro processa histórias. A narratologia se expandiu para além da literatura, sendo usada para analisar narrativas em filmes, videogames, documentários, história oral e até mesmo em conversas do dia a dia.
A narratologia, portanto, permanece um campo vivo e em constante evolução. Ela nos forneceu o vocabulário para falar sobre como as histórias são contadas e nos ensinou que, por trás de toda grande narrativa, há uma estrutura complexa e fascinante esperando para ser desvendada.
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