Louis Althusser: O Filósofo que Repensou o Marxismo
Louis Althusser (1918-1990) foi um filósofo francês cujas ideias transformaram a teoria marxista no século XX. Sua obra, que combinou o rigor estruturalista com o pensamento de Karl Marx, desafiou as interpretações tradicionais do marxismo e introduziu conceitos cruciais que continuam a influenciar a filosofia, a teoria política e os estudos culturais. No entanto, sua vida pessoal foi marcada por uma tragédia que, para muitos, lançou uma sombra sobre seu legado intelectual.
Infância, Formação e o Início da Jornada Intelectual
Louis Pierre Althusser nasceu em Birmandréis, na Argélia francesa, em 16 de outubro de 1918. Ele cresceu em um ambiente conservador e religioso, e sua juventude foi profundamente afetada pela Segunda Guerra Mundial. Althusser serviu no exército francês e foi capturado e feito prisioneiro de guerra por cinco anos em um campo na Alemanha. A experiência do cativeiro, com sua privação e desumanização, o marcou profundamente e contribuiu para os problemas de saúde mental que o acompanhariam por toda a vida.
Após a guerra, ele ingressou na prestigiosa École Normale Supérieure (ENS), em Paris. Foi lá que ele se tornou um professor influente e uma figura central na vida intelectual francesa. Em 1948, ele se filiou ao Partido Comunista Francês. A decisão de Althusser de se unir ao partido, que ele nunca abandonou, o colocou em uma posição única: a de um marxista que criticava o marxismo "oficial" da época. Ele defendia um retorno ao que considerava ser o "verdadeiro" Marx, liberado das interpretações humanistas e economicistas.
A Teoria e as Obras que Marcaram a História
A principal atuação de Althusser foi como um filósofo teórico que buscou "fundar cientificamente" o marxismo. Ele argumentou que as primeiras obras de Marx (como os "Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844") eram humanistas, enquanto as obras maduras (como "O Capital") representavam uma ruptura científica. A teoria de Althusser era complexa, influenciada por Lacan e pelo Estruturalismo.
"Ler o Capital" (1965): Publicada em coautoria com seus alunos, esta obra é uma releitura detalhada e inovadora de "O Capital" de Marx. Althusser e sua equipe argumentaram que a obra não era um simples tratado econômico, mas sim um texto filosófico com uma estrutura interna complexa. Eles introduziram conceitos como "leitura sintomal", uma forma de ler o texto para encontrar o que está ausente ou não dito, e a ideia de que a ideologia domina a consciência.
"Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado" (1970): Este ensaio é, sem dúvida, a obra mais famosa e influente de Althusser. Ele introduziu dois conceitos fundamentais:
Repressão vs. Ideologia: Althusser distinguiu entre os Aparelhos Repressivos de Estado (como o exército e a polícia), que funcionam pela força, e os Aparelhos Ideológicos de Estado (como a escola, a família, a igreja e a mídia), que funcionam pela ideologia.
Interpelação: O conceito de que a ideologia "interpela" os indivíduos, ou seja, os convoca ou os constitui como sujeitos. Segundo Althusser, somos "nascidos" dentro de uma ideologia, e a ideologia nos faz acreditar que somos agentes livres quando, na verdade, estamos sujeitos a suas regras e estruturas.
Essas ideias de Althusser, embora controversas, forneceram novas ferramentas para a análise do poder, da cultura e do papel do indivíduo na sociedade.
A Tragédia Pessoal e o Legado
A vida de Althusser foi tragicamente marcada por sua luta contra uma doença mental grave, que o levava a passar longos períodos em hospitais psiquiátricos. Em 1980, em um episódio psicótico, ele estrangulou sua esposa, a socióloga Hélène Rytmann. Ele foi considerado inimputável e foi internado em um hospital psiquiátrico, onde permaneceu até sua morte, em 1990.
Após sua morte, seus escritos autobiográficos foram publicados, revelando a complexidade de sua vida pessoal e a sua luta interna. O assassinato de sua esposa e a revelação de sua doença lançaram um debate sobre a relação entre sua filosofia e sua vida, e sobre a ética de se separar a obra do homem.
O legado de Althusser é complexo e ambivalente. Suas ideias foram fundamentais para o desenvolvimento de campos como os Estudos Culturais, o Feminismo (que utilizou seu conceito de ideologia para analisar a opressão de gênero) e a Crítica Pós-Colonial. Ele nos ensinou que a ideologia não é apenas uma "falsa consciência", mas algo que nos constitui como sujeitos. A sua obra nos convida a questionar a nossa própria "liberdade" e a explorar as estruturas invisíveis que moldam as nossas vidas.
Infância, Formação e o Início da Jornada Intelectual
Louis Pierre Althusser nasceu em Birmandréis, na Argélia francesa, em 16 de outubro de 1918. Ele cresceu em um ambiente conservador e religioso, e sua juventude foi profundamente afetada pela Segunda Guerra Mundial. Althusser serviu no exército francês e foi capturado e feito prisioneiro de guerra por cinco anos em um campo na Alemanha. A experiência do cativeiro, com sua privação e desumanização, o marcou profundamente e contribuiu para os problemas de saúde mental que o acompanhariam por toda a vida.
Após a guerra, ele ingressou na prestigiosa École Normale Supérieure (ENS), em Paris. Foi lá que ele se tornou um professor influente e uma figura central na vida intelectual francesa. Em 1948, ele se filiou ao Partido Comunista Francês. A decisão de Althusser de se unir ao partido, que ele nunca abandonou, o colocou em uma posição única: a de um marxista que criticava o marxismo "oficial" da época. Ele defendia um retorno ao que considerava ser o "verdadeiro" Marx, liberado das interpretações humanistas e economicistas.
A Teoria e as Obras que Marcaram a História
A principal atuação de Althusser foi como um filósofo teórico que buscou "fundar cientificamente" o marxismo. Ele argumentou que as primeiras obras de Marx (como os "Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844") eram humanistas, enquanto as obras maduras (como "O Capital") representavam uma ruptura científica. A teoria de Althusser era complexa, influenciada por Lacan e pelo Estruturalismo.
"Ler o Capital" (1965): Publicada em coautoria com seus alunos, esta obra é uma releitura detalhada e inovadora de "O Capital" de Marx. Althusser e sua equipe argumentaram que a obra não era um simples tratado econômico, mas sim um texto filosófico com uma estrutura interna complexa. Eles introduziram conceitos como "leitura sintomal", uma forma de ler o texto para encontrar o que está ausente ou não dito, e a ideia de que a ideologia domina a consciência.
"Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado" (1970): Este ensaio é, sem dúvida, a obra mais famosa e influente de Althusser. Ele introduziu dois conceitos fundamentais:
Repressão vs. Ideologia: Althusser distinguiu entre os Aparelhos Repressivos de Estado (como o exército e a polícia), que funcionam pela força, e os Aparelhos Ideológicos de Estado (como a escola, a família, a igreja e a mídia), que funcionam pela ideologia.
Interpelação: O conceito de que a ideologia "interpela" os indivíduos, ou seja, os convoca ou os constitui como sujeitos. Segundo Althusser, somos "nascidos" dentro de uma ideologia, e a ideologia nos faz acreditar que somos agentes livres quando, na verdade, estamos sujeitos a suas regras e estruturas.
Essas ideias de Althusser, embora controversas, forneceram novas ferramentas para a análise do poder, da cultura e do papel do indivíduo na sociedade.
A Tragédia Pessoal e o Legado
A vida de Althusser foi tragicamente marcada por sua luta contra uma doença mental grave, que o levava a passar longos períodos em hospitais psiquiátricos. Em 1980, em um episódio psicótico, ele estrangulou sua esposa, a socióloga Hélène Rytmann. Ele foi considerado inimputável e foi internado em um hospital psiquiátrico, onde permaneceu até sua morte, em 1990.
Após sua morte, seus escritos autobiográficos foram publicados, revelando a complexidade de sua vida pessoal e a sua luta interna. O assassinato de sua esposa e a revelação de sua doença lançaram um debate sobre a relação entre sua filosofia e sua vida, e sobre a ética de se separar a obra do homem.
O legado de Althusser é complexo e ambivalente. Suas ideias foram fundamentais para o desenvolvimento de campos como os Estudos Culturais, o Feminismo (que utilizou seu conceito de ideologia para analisar a opressão de gênero) e a Crítica Pós-Colonial. Ele nos ensinou que a ideologia não é apenas uma "falsa consciência", mas algo que nos constitui como sujeitos. A sua obra nos convida a questionar a nossa própria "liberdade" e a explorar as estruturas invisíveis que moldam as nossas vidas.


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